Na madrugada do último dia 22 maio de 2025, enquanto muitos brasileiros dormiam, o governo federal anunciou um aumento significativo na alíquota do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), que incide sobre transações como crédito, câmbio e seguros. A medida, apresentada como uma solução para o crescente déficit fiscal em meio a uma economia em desaceleração, tem gerado revolta e preocupação. Críticos apontam que o peso dessa decisão recai diretamente sobre o cidadão comum, encarecendo o custo de vida, ameaçando empregos e minando a segurança financeira das famílias.
Comida Mais Cara: O Impacto na Mesa do Brasileiro
Um dos efeitos mais imediatos do aumento do IOF é sentido no setor agropecuário, essencial para a economia brasileira. Cooperativas que financiam insumos agrícolas, como tratores e fertilizantes, perderam isenções e agora enfrentam a mesma tributação de grandes bancos. Sem acesso a crédito mais acessível, os produtores rurais já indicam que terão de repassar esses custos aos preços finais. O resultado é inevitável: alimentos básicos, como feijão, arroz e carne, devem chegar mais caros às prateleiras, pressionando ainda mais o orçamento das famílias em um cenário de inflação persistente.
Historicamente, a agricultura brasileira se modernizou com apoio de crédito subsidiado, especialmente entre os anos 1970 e 1990. A nova política, no entanto, caminha na contramão desse modelo, ameaçando a acessibilidade alimentar em um momento em que o poder de compra dos brasileiros já está fragilizado.
Câmbio e Seguros: Menos Poder de Compra, Menos Proteção
O aumento do IOF também encareceu operações de câmbio. A alíquota sobre essas transações subiu de 1,1% para 3,5%. Para converter R$ 10.000 em dólar, por exemplo, o custo do imposto passou de R$ 110 para R$ 350 — uma diferença de R$ 240 que poderia cobrir uma refeição no exterior ou uma diária em um hostel econômico. Esse encarecimento não afeta apenas quem planeja viajar, mas também quem depende de produtos importados, contribuindo para a alta generalizada de preços no mercado interno.
No setor de seguros, a situação é igualmente preocupante. Investimentos em seguros de vida acima de R$ 50.000 agora enfrentam uma alíquota de 5% na entrada, o que reduz o rendimento dessas aplicações. Para muitas famílias, isso significa menos proteção financeira em emergências e até uma herança menor para as próximas gerações, comprometendo a segurança de longo prazo.
Empregos em Risco e o Ciclo Vicioso
O impacto do IOF vai além do consumo imediato e atinge o mercado de trabalho. Empresas que dependem de empréstimos para pagar salários ou investir em produção agora enfrentam juros mais altos devido ao imposto. Com custos de operação mais elevados, essas empresas tendem a aumentar preços ou, em casos mais graves, reduzir o quadro de funcionários. Em um ciclo vicioso, isso leva à perda de empregos, à queda na renda e a um poder de compra ainda menor, agravando a crise econômica.
Uma Estratégia Antiga: Taxar em Vez de Reformar
A decisão de aumentar o IOF não é inédita. Nos últimos anos, o governo brasileiro já recorreu a esse imposto como ferramenta para gerenciar pressões econômicas, como em 2010, quando elevou a alíquota sobre operações de câmbio para frear a valorização do real. A estratégia, no entanto, é vista como uma solução paliativa que evita o enfrentamento de problemas estruturais, como a necessidade de cortar gastos públicos ou combater a ineficiência no uso de recursos. Em vez disso, o governo opta por transferir o ônus aos cidadãos, aumentando a carga tributária em um momento de fragilidade econômica.
Após uma reação negativa do mercado, o governo chegou a anunciar um recuo parcial na medida, mas o alívio foi apenas aparente. Na prática, o impacto do aumento permanece, e o brasileiro continua a sentir o peso dessa "mordida" no bolso.
A Revolta dos Brasileiros
A insatisfação com a medida é crescente. Nas redes sociais, cidadãos expressam indignação, acusando o governo de quebrar a economia em pouco mais de dois anos e pedindo medidas drásticas, como um impeachment, para reverter o que chamam de "desastre econômico". Há quem aponte que o Brasil caminha para pagar R$ 4 trilhões em impostos em 2025, um fardo que intensifica a pressão sobre uma população já sufocada pela inflação e pela perda de poder aquisitivo.
Outros criticam diretamente a gestão econômica, questionando a capacidade de lideranças que, em cargos anteriores, já demonstraram dificuldades em lidar com crises. Para muitos, o aumento do IOF é mais um capítulo de uma série de decisões que têm afundado o país em instabilidade.
Um Futuro Sob Ameaça
O aumento do IOF em 2025 não é apenas uma medida fiscal — é um reflexo de um governo que, segundo críticos, prioriza soluções imediatistas em vez de reformas estruturais. A política de aumentar impostos sem cortar gastos ou promover eficiência repete erros do passado e aprofunda a crise. Para o brasileiro comum, o impacto é claro: comida mais cara, menos dinheiro para viagens ou emergências, e a constante ameaça de perder o emprego.
Enquanto o governo não apresenta alternativas concretas para equilibrar as contas públicas sem penalizar a população, o Brasil segue em um caminho de incertezas. Resta saber até quando os brasileiros suportarão tantas "mordidas" no bolso e qual será o preço final dessa estratégia para o futuro do país.
Por Júnior Melo, 24 de maio de 2025