Ontem, recebi uma mensagem de um jovem pai, leitor dos nossos artigos, que vem sofrendo com alienação parental. Fez um relato da sofrida vida daqueles que aprenderam a conviver com o esquecimento, não somente no dia de ontem, mas durante todos os dias do ano. A sociedade parece não se preocupar muito com essa minoria. As leis para combater a alienação parental são pouco efetivas e as formas de detecção não são simples, o que torna o processo quase sem solução a curto prazo.
Muitas vezes as rachaduras na relação começam no momento da separação. O pai nunca se separa dos filhos, mas isso às vezes é difícil para uma criança perceber — principalmente quando escuta frases depreciativas sobre seu pai. A criança começa a manifestar uma hostilidade injustificada como resultado da manipulação psicológica por parte de quem detém a guarda.
Meu sofrido leitor relatou que ser lembrado apenas no dia de pagar a pensão realmente não é o que mais incomoda. Longe disso. A ausência do filho é que dói. Poderia dizer que sua dor se compara a uma amputação. Aquela dor que permanece mesmo quando a parte amputada não está mais lá, se foi. Ainda assim, essa não é a causa mais dolorosa. É fácil perceber que pior do que tirar o filho de um pai é tirar o pai do filho. Sabemos que uma criança em formação precisa da orientação paterna. Acredito que fere muito mais o não conseguir contribuir na educação do filho do que ser relegado ao segundo ou terceiro plano.
— A alienação deveria ser um crime hediondo, pois rouba a figura paterna da vida do filho.
Pesquisando na internet, encontramos relatos de pais que se queixam de uma alienação estrutural. Geralmente a mãe fala mal do pai a vida inteira e quando blinda o coração da criança, diz com hipocrisia: “Fale com ele, pois é seu pai”, “Minha filha, não diga isso sobre seu pai”. Eis o cúmulo do cinismo. Paciência. O pai sofre, mas a criança sofrerá muito mais ao longo da vida. Nesses casos, é como se a mãe oferecesse a criança para ser sacrificada em oferenda ao deus da vingança. Oremos.
Pois bem, meu leitor que sofre com a alienação parental, não esqueci da sua história. Você, que nunca tem direito a quase nada, receba este meu artigo. Quero desejar um Feliz Dia dos Pais (mesmo que atrasado) a todos que, assim como você, continuam amando, sofrendo e sonhando com o dia em que a vida reaproximará seus filhos.
Como o mundo ainda não evoluiu o suficiente para resolver essa questão, esperamos que sua criança amadureça e no futuro venha a ficar perto daquele que será sempre seu amor maior.
Marcus Aragão Instagram @aragao01