O opositor Edmundo González Urrutia, rival de Nicolás Maduronas questionadas eleições de 28 de julho, chegou neste domingo (8) à Espanha, onde receberá asilo político, após deixar a Venezuela, onde passou mais de um mês escondido.
O avião da Força Aérea Espanhola que transportava González, que viajou com a esposa, pousou na base Torrejón de Ardoz, perto de Madri, pouco depois das 16h locais (11h de Brasília), informou o Ministério das Relações Exteriores em um comunicado.
A líder da oposição, María Corina Machado, afirmou que a saída da Venezuela do candidato foi necessária para "preservar sua liberdade e sua vida", em meio a uma "brutal onda de repressão".
"Sua vida corria perigo, e as crescentes ameaças, citações, mandados de prisão e, inclusive, tentativas de chantagem e coação de que foi objeto demonstram que o regime não tem escrúpulos nem limites em sua obsessão em silenciá-lo e tentar subjugá-lo", escreveu Machado na rede social X. "Ante esta realidade brutal, é necessário para nossa causa preservar sua liberdade, sua integridade e sua vida", completou.
Algumas horas antes, o chefe da diplomacia espanhola, José Manuel Albares, havia confirmado que González estava a caminho do país, onde receberia asilo político. Gonzáles Urrutia "também solicitou ser beneficiado pelo direito de asilo, que certamente o governo espanhol vai processar e conceder", disse o ministro em Omã, durante uma escala de sua viagem oficial à China.
No sábado, o primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, chamou González Urrutia de "herói que a Espanha não vai abandonar", durante uma reunião do Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE) em Madri.
A saída da Venezuela de González Urrutia, um diplomata de 75 anos, acontece em meio a uma crise iniciada com as eleições presidenciais nas quais Maduro foi oficialmente reeleito para um terceiro mandato de seis anos, apesar das denúncias de fraude apresentadas pela oposição.
"Hoje é um dia triste para a democracia na Venezuela", afirmou o chefe da diplomacia da União Europeia (UE), Josep Borrell, em um comunicado no qual destaca que "na democracia, nenhum líder político deveria ser forçado a buscar asilo em outro país".
"A UE insiste que as autoridades venezuelanas acabem com a repressão, as detenções arbitrárias e o assédio contra membros da oposição e da sociedade civil, assim como libertem todos os presos políticos", acrescenta a nota.
González, que estava escondido desde 30 de julho, passou um período na embaixada da Holanda em Caracas antes de seguir para a embaixada da Espanha em 5 de setembro, explicou Borrell.
O candidato opositor reivindica a vitória nas eleições que, segundo o Conselho Nacional Eleitoral (CNE), terminaram com a reeleição de Maduro. O CNE não divulgou as atas de votação de cada seção eleitoral, com a lei exige, alegando que seu sistema foi alvo de um ataque de hackers.
A viagem de González foi antecipada no sábado pela vice-presidente venezuelana, Delcy Rodríguez, que afirmou que o governo concedeu os salvo-condutos apropriados em nome da tranquilidade e da paz política do país".
Correio do Povo