Confusão no Psol

Foto: Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados
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11/02/2025 10:54 | 5 min de leitura


A demissão de um assessor na Câmara escancarou conflitos da bancada do Psol, dividida entre aqueles que querem apoiar o governo Lula com elogios e os que querem apoiar o governo Lula com críticas.

“Há uma crise interna profunda no PSOL — mas ela é apenas a superfície de algo ainda maior: a falência de uma esquerda hegemônica que, incapaz de liderar pelo consenso, recorre agora à coerção e a métodos inadmissíveis na nossa tradição política. Em seu desespero por sobrevivência, abandona princípios e se rende ao jogo que sempre jurou combater”, desabafou David Deccache, assessor econômico na Câmara, que diz ter sido demitido por criticar a bancada.


A demissão de um assessor na Câmara escancarou conflitos da bancada do Psol, dividida entre aqueles que querem apoiar o governo Lula com elogios e os que querem apoiar o governo Lula com críticas.

“Há uma crise interna profunda no PSOL — mas ela é apenas a superfície de algo ainda maior: a falência de uma esquerda hegemônica que, incapaz de liderar pelo consenso, recorre agora à coerção e a métodos inadmissíveis na nossa tradição política. Em seu desespero por sobrevivência, abandona princípios e se rende ao jogo que sempre jurou combater”, desabafou David Deccache, assessor econômico na Câmara, que diz ter sido demitido por criticar a bancada.

Deccache, que trabalhava para o partido há oito anos, tem reclamado nas redes sociais e em entrevistas do “autoritarismo de Boulos” (foto) desde que foi demitido.

Bancada rachada
De um lado da bancada estão Guilherme Boulos (SP), Taliria Petrone (RJ), Erika Hilton (SP) Pastor Henrique Vieira (RJ), Célia Xakriabá (MG), Tarcísio Motta (RJ), Ivan Valente (SP) e Luciane Cavalcante (SP), todos mais alinhados ao governo Lula.

No outro corner estão Luiza Erundina (SP), Glauber Braga (RJ), Sâmia Bomfim (SP), Chico Alencar (RJ) e Fernanda Melchionna (RS). Eles reclamam que a liderança da bancada na Câmara tem sido ocupada apenas pelo grupo majoritário, de suporte declarado ao governo, contrariando acordo.

A ala majoritária defendeu a demissão de Deccache em nota publicada por O Globo: “A partir do momento em que um assessor ataca a representação política que o indicou, cria-se um conflito ético-profissional, inviabilizando sua permanência no cargo”.

“Antes de Boulos entrar, havia um grande respeito“
O assessor demitido rebateu no próprio jornal: “Nunca houve ofensas. Como militante, tenho direito de criticar formas equivocadas de comunicação. Antes de Boulos entrar, havia um grande respeito pelas diferenças e pelo debate democrático”.

Como resultado do barraco, Glauber Braga, cujo mandato está pendurado no Conselho de Ética e Decoro Parlamentar, já fala em deixar o partido.

“Começamos a primeira reunião do ano com uma demissão por divergência política e um anúncio de que a proporcionalidade não será respeitada. Isso demonstra que a maioria não quer a unidade do partido. Por isso, abri a discussão pública sobre minha permanência ou não no PSOL.”

Fonte: O antagonista

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