Direita leva a culpa por Erundina ter passado mal na Câmara

Foto: Letícia Almeida/Câmara dos Deputados
Foto: Letícia Almeida/Câmara dos Deputados
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07/06/2024 08:15 | 5 min de leitura


Deputados da direita que estavam na sessão da Comissão de Direitos Humanos da Câmara do Deputado nesta quarta-feira (5) estão sendo acusados por terem contribuído para que a deputada federal Luiza Erundina (PSOL-SP) passasse mal na reunião e fosse hospitalizada.

Aos 89 anos, Erundina chegou mais de 2 horas depois que a comissão iniciou os seus trabalhos para poder dar seu parecer sobre o PL 1156/2021 que propõe a responsabilidade de identificar publicamente lugares de repressão política utilizados por agentes do Regime Militar (1964-1985).

A deputada Sâmia Bomfim (PSOL-SP) discursou contra os parlamentares do PL no Plenário da Câmara, após saber que a veterana de seu partido estava na UTI.

– Todos os dias a gente se pergunta qual é o limite que esta Câmara dos Deputados vai chegar no nível de agressão e de violência política. Ofensas, xingamentos, ameaças, inclusive de morte. Eu digo que o limite foi o que aconteceu no dia de hoje, deputada Luiza Erundina, nossa decana, acho que uma das mulheres mais respeitadas do Congresso Nacional, uma das, e, sem dúvida, na sociedade brasileira, nesse momento se encontra hospitalizada porque enquanto ela fazia a leitura do seu relatório, uma verdadeira barbárie foi feita pelas pessoas que são as mesmas de sempre. Qual é o limite? – afirmou.

A deputada federal Maria do Rosário (PT-RS) também fez um discurso contra os parlamentares de direita e sua fala repercutiu nas redes sociais. Até a primeira-dama do Brasil, Janja da Silva, se pronunciou a respeito.

– Minha solidariedade a Deputada Luiza Erundina que precisou ser internada após passar por constante ataque de deputados da extrema direita na Câmara Federal. O espaço do diálogo e da democracia foi dominado pelo ódio e violência. Precisamos, urgentemente, recuperar a nossa civilidade.

O QUE ACONTECEU?
A oposição pediu a retirada de pauta do projeto PL 1156/2021, de autoria de Maria do Rosário, por entender que é um projeto “fora de tempo”, dado aos mais de 35 anos do fim do Regime Militar. Eles defenderam ainda que o projeto, além de investigar os lugares de repressão política, também precisa identificar os locais onde os crimes de terrorismo e assassinato de agentes públicos aconteceram.

Discursaram sobre o assunto os deputados Pastor Marco Feliciano (PL-SP) e Paulo Bilynskyj (PL-SP). Logo em seguida, Erundina defendeu o texto e afirmou que esta identificação é baseada em projetos internacionais de países que também passaram por regimes totalitários.

A parlamentar discursou por seis minutos, sem ser interrompida, dizendo que é preciso revelar os fatos do Regime Militar e identificar as vítimas, algo que ela chama de “dívida” para com os brasileiros. Seus colegas aplaudiram. Um minuto depois, quando o deputado federal Ivan Valente (PSOL-SP) começou a defender o projeto, Erundina se levantou e foi levada para fora da sala, pois estava passando mal.

COMO ESTÁ A DEPUTADA
Ao deixar a Câmara, a ex-prefeita de São Paulo foi internada na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do hospital Sírio Libanês, em Brasília (DF). De acordo com sua assessoria, ao dar entrada no hospital seu estado era estável e ela passou por exames.

Na manhã desta quinta (6), uma nova nota dizia que a parlamentar continuava internada e que logo iria para o quarto por apresentar melhoras. Os sintomas que Erundina sentiu não foram informados.

– A deputada Luiza Erundina (PSOL/SP) se mantém internada no Hospital Sírio Libanês, em Brasília. Ela passou bem a noite, acordou disposta e conversa normalmente. O quadro, felizmente, é estável e logo irá para o quarto. Ascom Luiza Erundina – diz a nota.

Fonte: Pleno News

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