A campeã olímpica de boxe, Imane Khelif, está no centro de uma polêmica envolvendo ataques e assédio por parte de sua ex-companheira de sparring, Joana Nwamerue. A situação se agravou após Khelif vencer a medalha de ouro nos Jogos Olímpicos de Paris, no último fim de semana, na categoria dos meio-médios.
Nwamerue, boxeadora búlgaro-nigeriana que treinou com Khelif em várias ocasiões, fez declarações polêmicas sobre a identidade de gênero da campeã. Em uma entrevista ao site Reduxx, Nwamerue afirmou que Khelif possui “problemas internos” e insinuou que ela é biologicamente um homem. “Eu vou manter minhas palavras até que ele/ela faça um teste para provar ao mundo que é uma mulher. Mas todos sabemos que isso não vai acontecer,” disse Nwamerue.
Segundo Nwamerue, os companheiros de equipe de Khelif afirmaram que a boxeadora argelina pode ter sido “biologicamente alterada” por seu ambiente. “Os companheiros de equipe de [Khelif] vieram até mim e disseram ‘Imane não é um homem’,” alegou Nwamerue, acrescentando que a campeã poderia ter tido mudanças hormonais ou genéticas devido ao seu estilo de vida isolado nas montanhas com a família.
Khelif, que não é transgênero e nasceu mulher, foi banida no ano passado pela Associação Internacional de Boxe (IBA) devido a um teste controverso que alegou mostrar cromossomos XY, mas a decisão foi amplamente criticada. Após conquistar a medalha de ouro em Paris, Khelif se destacou por seu desempenho dominante no torneio.
Em resposta ao assédio, Khelif criticou a situação em uma declaração ao NBC New York. “Isso prejudica a dignidade humana. Eu envio uma mensagem a todos para que respeitem os princípios olímpicos e a Carta Olímpica e se abstenham de assediar os atletas, pois isso tem efeitos massivos,” disse Khelif em árabe durante uma entrevista com a SNTV. A campeã destacou que o assédio pode destruir pessoas e dividir comunidades.
Khelif também entrou com uma denúncia legal sobre o assédio online que sofreu devido à controvérsia. A situação gerou uma onda de apoio para a boxeadora e trouxe à tona a necessidade de um debate mais amplo sobre a dignidade e o respeito no esporte.
Além disso, a boxeadora italiana Angela Carini causou polêmica ao se retirar de sua luta inicial contra Khelif após 46 segundos, alegando ter sofrido um impacto tão forte que nunca havia experimentado. Esse evento também contribuiu para o clima de tensão e discussão em torno dos Jogos Olímpicos.
A Federação Internacional de Boxe e os comitês organizadores dos Jogos Olímpicos estão sendo pressionados a lidar com a controvérsia e garantir que os princípios de fair play e respeito sejam mantidos. A situação continua a se desenrolar, enquanto Khelif segue como uma figura central na discussão sobre integridade e respeito no esporte.
Gazeta Brasil