Justiça venezuelana começa escalada para prender María Corina, a 'Bolsonaro' da Venezuela

Juan BARRETO / AFP
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23/11/2024 08:03 | 5 min de leitura


A Procuradoria da Venezuela informou nesta sexta-feira que abriu uma nova investigação contra a líder da oposição, María Corina Machado, acusada de "traição à pátria" por supostamente apoiar um novo pacote de sanções dos Estados Unidos contra o seu país.

Na segunda-feira, a Câmara dos Representantes dos EUA aprovou um projeto de lei bipartidário, conhecido por "Bolívar", que proíbe a assinatura de contratos com indivíduos ou empresas que façam negócios com qualquer governo venezuelano não reconhecido por Washington — o governo americano recentemente reconheceu o opositor Edmundo González Urrutia como "presidente eleito" da Venezuela, passados quatro meses de contestações sobre o resultado das eleições no país, das quais Nicolás Maduro foi declarado vitorioso pelo órgão eleitoral.

Logo após o congressista americano Mike Waltz, futuro conselheiro de Segurança Nacional do novo mandato de Donald Trump, publicar sobre o projeto de lei na rede social X, María Corina agradeceu o parlamentar e endossou a ação, dizendo que "é um passo crucial para responsabilizar o regime de Maduro".

A resposta da opositora foi o que motivou a investigação do MP. "As declarações públicas que a mencionada fez sobre este projeto de lei inválido a envolvem gravemente e constituem a prática dos crimes de traição à pátria, previsto no artigo 128 do Código Penal; conspiração com países estrangeiros, previsto no artigo 132 do Código Penal; e associação para delinquir, previsto no artigo 37 da Lei contra o Crime Organizado", explicou o procurador-geral Tarek William Saab em uma nota divulgada nesta tarde.

'Bolívar'

O texto que tramita no Congresso americano, oficialmente chamado de Proibição de Transações e Arrendamentos com o Regime Autoritário Ilegítimo Venezuelano (em inglês, Banning Operations and Leases with the Illegitimate Venezuelan Authoritarian Regime, que forma a sigla em referência a Simón Bolívar), proíbe os EUA de assinarem contratos com pessoas que façam negócios "com o governo ilegítimo de Nicolás Maduro" ou qualquer outro "não reconhecido como legítimo pelos Estados Unidos".

Caracas reagiu com uma declaração furiosa, chamando-o de "ataque criminoso". "De maneira desavergonhada, colocaram sigla de 'Bolívar', em uma ofensa ao maior gênio da História americana, que dedicou sua vida a derrotar o imperialismo e o colonialismo, antivalores contidos nesse novo ataque criminoso", escreveu o Ministério das Relações Exteriores.

Segundo o governo venezuelano, esse instrumento tem como objetivo impedir a cooperação econômica entre os dois países e viola a Carta da ONU, "somando-se às mais de 930 medidas coercitivas unilaterais e extraterritoriais" impostas a Caracas.

Washington considera as duas últimas reeleições de Maduro fraudulentas e apoia Edmundo González Urrutia, o candidato da líder da oposição María Corina Machado, que foi forçado a se exilar na Espanha após as eleições. A oposição publicou em um site na internet cópias de mais de 80% das atas que assegura que provam a vitória do diplomata sobre Maduro, mas o chavismo tacha o material publicado de fraudulento. O Conselho Nacional Eleitoral (CNE), de viés governista, proclamou Maduro vencedor do pleito com 52% dos votos, mas não divulgou o escrutínio em detalhes.

Fonte: O Globo

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