O presidente do Fed, Jerome Powell, disse nesta quinta-feira (7) em entrevista coletiva, após a divulgação da mais recente decisão da autoridade monetária de cortar a taxa de juros em 0,25 ponto percentual, que não renunciaria se solicitado pelo presidente eleito Donald Trump.
Alguns dos conselheiros de Trump pediram que ele solicitasse a saída antecipada de Powell. Quando questionado se concordaria em fazê-lo, o presidente do BC americano disse enfaticamente que não. Ele acrescentou que "não é permitido por lei" que uma nova administração o demita antes do final de seu mandato.
Powell está em seu segundo mandato a frente do Fed. Ele foi nomeado pela primeira vez ao cargo por Trump. No entanto, durante o governo de Trump, o republicano teve divergências com Powell, que tem mandato até 2026. A autoridade monetária e seu presidente já foram alvos de críticas do republicano. Durante a campanha presidencial deste ano, Trump teceu provocações ao Fed.
"Acho que é o melhor trabalho no governo. Você aparece no escritório uma vez por mês e diz: 'Vamos jogar uma moeda' e todo mundo fala de você como se fosse um Deus", disse em entrevista à Bloomberg TV em outubro.
Na mesma entrevista, ele acrescentou que entendia que, se fosse eleito, teria direito de dizer ao Fed o que fazer com relação à taxa básica de juros, mas que não ordenaria um ajuste.
"Acho que tenho o direito de dizer que acho que vocês deveriam aumentar ou diminuir um pouco. Não acho que eu deva ser autorizado a ordenar isso, mas acho que tenho o direito de fazer comentários sobre se os juros devem ou não subir ou descer", afirmou à época.
Nesta quinta-feira (7), dois dias após a confirmação do retorno de Trump à Casa Branca, foi anunciado o segundo corte consecutivo de juros pelo Fed. A decisão foi unânime e já era amplamente esperada pelo mercado, mas representou uma desaceleração no ritmo em relação ao corte de meio ponto de setembro, uma decisão tomada na época para evitar fraquezas no mercado de trabalho.
O Fomc (Comitê Federal de Mercado Aberto), responsável pela definição das taxas do banco central, disse ao final da reunião que a economia americana está se expandindo em um "ritmo sólido", mesmo que as condições do mercado de trabalho tenham "afrouxado" em comparação com o início do ano. O FOMC continuou a caracterizar a inflação como "um pouco elevada".
Na entrevista coletiva após o anúncio, Powell afirmou que o Fed não está considerando o resultado das eleições em suas decisões. "No curto prazo, a eleição não terá efeitos sobre nossas decisões".
Powell se recusou a comentar como o banco central responderia à próxima administração, dizendo que era muito cedo para julgar qual seria a substância das políticas econômicas de um governo Trump.
"Não adivinhamos, não especulamos e não assumimos", disse o presidente da autoridade monetária.
A política monetária dos EUA segue o que vem sendo feito nas principais economias do mundo. Horas mais cedo nesta quinta, o Banco da Inglaterra anunciou corte de 0,25 ponto percentual nos juros, que foi para 4,75%.
O BCE (Banco Central Europeu), responsável pela União Europeia, reduziu a taxa para 3,25% em 17 de outubro, no terceiro corte consecutivo.
Na direção contrária, o Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central do Brasil subiu a taxa Selic para 11,25% nesta quarta-feira (6), no segundo movimento seguido de elevação dos juros básicos do país, em meio ao descompasso das expectativas de inflação do mercado em relação à meta, de 3%.
Fonte: Folha de S. Paulo