O governo da Nicarágua retirou a nacionalidade e confiscou os bens de 135 ex-presos políticos, libertados na semana passada e enviados para a Guatemala, após uma mediação liderada pelos Estados Unidos. O grupo, acusado pelo regime de Daniel Ortega de atentar contra a soberania nacional, era formado, de acordo com Washington, por integrantes de uma comunidade evangélica, leigos católicos, estudantes e outras pessoas perseguidas no país.
A retirada da nacionalidade e o confisco de bens foi anunciado em um comunicado do Poder Judiciário, que sofre forte influência do regime. A resolução do tribunal de Manágua ordena a "perda da nacionalidade nicaraguense a 135 pessoas, condenadas por delitos que atentaram contra a soberania, independência e autodeterminação do povo nicaraguense" e "o confisco de todos os bens dos condenados".
O regime de Daniel Ortega e sua esposa, Rosário Murillo, aumentou a repressão contra todas as formas de oposição após os protestos antigovernamentais em 2018, de acordo com relatórios da ONU. Com a decisão publicada nesta terça-feira, o número de opositores que perderam a nacionalidade chegou a 451, segundo uma contagem realizada pela agência Agence France Presse, com base em dados oficiais reunidos desde 2023.
Ortega, que governou o país na década de 1980 após o triunfo da revolução sandinista, regressou ao poder em 2007 e é acusado por opositores e críticos de estabelecer um regime autoritário. Seu governo reprimiu duramente as vozes críticas após os protestos de 2018, que deixaram mais de 300 mortos em três meses. Em 2023, libertou, expulsou e despojou a nacionalidade e os bens de 316 políticos, jornalistas, intelectuais e ativistas críticos, a quem acusou de traição.
Também vem atacando a Igreja Católica e fechou cerca de 5.500 ONGs, muitas delas religiosas.
Fonte: O Globo