Há pouco mais de um mês, em 9 de agosto, uma tragédia marcava o Brasil: um avião da companhia VoePass, antiga Passaredo, caiu em Vinhedo, no interior de São Paulo, e matou todas as 62 pessoas a bordo, sendo quatro tripulantes e 58 passageiros.
No último dia 6, o Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) divulgou o relatório preliminar do acidente, que mostra o passo a passo da decolagem até a queda da aeronave modelo ATR-72.
Antes de divulgar o documento ao público, o Cenipa conversou com os familiares das vítimas. Na reunião, a portas fechadas e que durou mais de três horas, foram esclarecidas dúvidas dos presentes na sala. O teor da conversa não foi divulgado.
No entanto, o Metrópoles teve acesso a trechos da reunião. Em uma das gravações, o chefe do Cenipa, brigadeiro do ar Marcelo Moreno, faz um comentário sobre a tripulação do avião.
Em nota, a VoePass informou que “ambos os pilotos estavam aptos para realizar o voo, com todas as certificações de pilotagem válidas e treinamentos atualizados.”
Ainda na reunião, conforme informações recebidas pelo Metrópoles, os familiares perguntaram sobre como foi o voo e como os corpos foram encontrados nos destroços da aeronave.
O Cenipa teria respondido que, pelas informações extraídas das caixas-pretas, não houve “informação de crise” ou “emergência na cabine” para os passageiros.
Segundo a Polícia Técnico-Científica de São Paulo, todas as 62 vítimas da queda do avião em Vinhedo, no interior do estado, morreram de politraumatismo quando a aeronave despencou de uma altura de cerca de 4 mil metros e atingiu o solo.
Para identificar a maioria dos corpos, os médicos-legistas usaram o reconhecimento digital. Em alguns casos foi preciso analisar o histórico odontológico fornecido pelas famílias para concluir o trabalho.
Não foi necessário realizar exames de reconhecimento de comprovação biológica por meio de DNA.
O avião modelo ATR-72, da VoePass, partiu, em 9 de agosto, de Cascavel (PR) às 11h46 e tinha como destino o Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, com pouso previsto às 13h40, mas perdeu sustentação em voo e colidiu com o solo às 13h22.
O aviador da reserva da Força Aérea Brasileira (FAB) e especialista em Segurança Operacional Fernando Siqueira analisou as informações do relatório do Cenipa, apresentado no último dia 6.
“[Os pilotos] ligaram o sistema antigelo e, segundo as informações do Cenipa, o sistema não funcionou como deveria. Eles ligaram e desligaram algumas vezes o sistema antigelo e não funcionou como deveria”, afirma Siqueira ao Metrópoles.
O relatório aponta que o dispositivo foi acionado três vezes e desligado duas, sendo que estava acionado até o momento da colisão com o solo.
O especialista explica que o gelo pode interferir na sustentação dos aviões.
“As aeronaves funcionam com questão aerodinâmica, ou seja, tem de haver perfeita fluidez das correntes de vento por debaixo e por cima da asa, de forma que tenha resultantes positivas e traga sustentação da aeronave.”
Metrópoles