Lobo com mais de 44 mil anos é encontrado congelado na Rússia

UNIVERSIDADE FEDERAL DO NORDESTE DA RÚSSIA
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28/06/2024 15:32 | 4 min de leitura


Na vastidão gelada de Yakutia, localizada na região nordeste da Rússia, cientistas realizam descobertas que desafiam as barreiras do tempo. Recentemente, um achado excepcional capturou a atenção de pesquisadores e entusiastas da ciência ao redor do mundo: um lobo congelado durante aproximadamente 44.000 anos foi encontrado em estado surpreendentemente bem-preservado. Esta descoberta, única em sua categoria, fornece insights valiosos sobre a fauna do Pleistoceno Tardio.

O corpo do lobo foi descoberto por acaso em 2021 pelos habitantes do distrito de Abyyskiy em Yakutia, mas só agora está sendo meticulosamente examinado por especialistas. Liderados por Albert Protopopov, chefe do departamento de estudo de fauna de mamutes da Academia de Ciências de Yakutia, os cientistas começaram a realizar uma autópsia detalhada do exemplar no laboratório da Universidade Federal do Nordeste, em Yakutsk.

Albert Protopopov enfatizou o caráter inédito deste achado. Segundo ele, nunca antes na história, restos tão antigos de um predador do final do Pleistoceno foram encontrados. O lobo de 44.000 anos representa uma janela para um período glacial em que a Terra era habitada por espécies há muito desaparecidas.

O que sabemos até agora sobre o lobo congelado?
A equipe de pesquisa está particularmente intrigada pela preservação extraordinária do animal. “O lobo era um predador muito ativo, um pouco menor que os leões das cavernas e os ursos, mas robusto e ágil”, comentou Protopopov. Além dos estudos anatomopatológicos, o laboratório de paleogenética da Universidade Europeia de São Petersburgo, sob a liderança de Artyom Nedoluzhko, busca entender mais sobre a dieta e comportamento deste antigo canino.

Implicações do Degelo do Permafrost
O fato de este lobo ter sido preservado em permafrost sugere questões importantes sobre as mudanças climáticas. O permafrost, que compõe cerca de 95% de Yakutia e atua como um arquivo natural congelado do passado, está lentamente degelando. Isso não só traz à tona relíquias congeladas como este lobo, mas também apresenta desafios e oportunidades para a ciência moderna.

Análise genética do lobo para estudar sua relação com as espécies atuais.
Investigação sobre as condições climáticas da época, com base na fauna e flora encontradas junto ao lobo.
Possíveis contribuições para a compreensão da biodiversidade do Pleistoceno e suas mudanças até hoje.
O estudo continuado deste incrível exemplar não só enriquecerá nosso entendimento sobre as espécies que habitaram a Terra antes de nós, mas também exemplifica como o estudo de espécies extintas pode iluminar os caminhos para a conservação das atuais. A história de 44.000 anos deste lobo congela no tempo nos recorda da constante evolução do planeta e da nossa necessidade de entender melhor nosso passado geológico e biológico.

Fonte: O antagonista

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