Por que ataques de tubarão estão mais frequentes no mundo? Entenda

Foto: Stephen Frink/Getty Images
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01/07/2024 18:21 | 6 min de leitura


Os ataques de tubarão aumentaram em todo o mundo no último ano. O ator de “Piratas do Caribe” Tamayo Perry foi encontrado morto em uma praia, no Havaí (EUA), com mordidas do animal pelo corpo. Há duas semanas três pessoas ficaram gravemente feridas na Flórida, nos Estados Unidos. Ao Metrópoles, um especialista afirma que ações humanas, como a poluição dos oceanos, a pesca predatória e a ocupação das zonas costeiras, podem influenciar na maior incidência dessas ocorrências.

De acordo com dados do Arquivo Internacional de Ataques de Tubarões, da Universidade da Flórida (EUA), em 2023 foram registrados 69 ataques não provocados, seis a mais que o ano anterior, e 10 mortes, o dobro em comparação a 2022. Isso sem contar com outros 22 ataques provocados.

Todas as mortes registradas foram em decorrência de ofensivas não provocadas. Ataques provocados ocorrem quando uma pessoa vai ao encontro do tubarão, por exemplo, para registrá-lo em fotografias e filmagens.

A pesca predatória tem tirado o alimento das zonas onde os tubarões caçam, fazendo com que eles se desloquem para locais próximos da costa para se alimentar. O professor de ciências biológicas do Centro Universitário de Brasília (CEUB) Fabrício Escarlate explica que, com a pesca, humanos e tubarões disputam o mesmo alimento, porém, o homem tem ferramentas que lhe dão vantagem na disputa.

Isso talvez explique o aumento dos ataques, para o professor.

“Quando estamos em uma praia e há um tubarão na área, ele pode nos confundir com presas, especialmente quando persegue um cardume e encontra uma pessoa no meio do caminho”, diz Escarlate.

Surfista e banhistas atacados

No último sábado (22), o surfista e ator da franquia Piratas do Caribe Tamayo Perry foi achado morto em uma praia no Havaí. O corpo foi encontrado com ferimentos decorrentes de mordidas de tubarão. Perry foi levado para a costa de motonáutica, mas não resistiu.

“Surfistas são frequentemente vitimados porque, vistos de baixo, com a prancha e os membros expostos, podem ser confundidos com tartarugas, que são parte da dieta dos tubarões”, explica o professor de ciências biológicas.

Os dados da Universidade da Flórida apontam que os Estados Unidos foram o país com mais ataques registrados no último ano: entre os 69 incidentes, 36 ocorreram em solo norte-americano. O Brasil aparece em quarto na lista de países que mais tiveram ataques no ano passado, com três casos. Já a Austrália foi o país que mais registrou mortes, com quatro óbitos, seguidas por duas nos Estados Unidos. Houve uma morte em cada um desses locais: Bahamas, Egito, México e no território ultramarino francês da Nova Caledônia. O Brasil não registrou óbito.

“No Brasil, os acidentes registrados ocorrem principalmente na região de Recife, devido à degradação ambiental da área litorânea adjacente à região metropolitana”, afirmou o professor de ciências biológicas.

Para Fabrício Escarlate, a degradação de zonas costeiras, a poluição das águas e a destruição de ambientes como manguezais, essenciais para a reprodução de muitas espécies, são fatores que influenciam no deslocamento dos tubarões e os levam para perto dos humanos. A maioria das ofensivas acontecem quando homens são confundidos com presas.

Logo depois do incidente, o animal normalmente sai nadando após uma única mordida.

Há duas semanas uma mulher e duas adolescentes ficaram gravemente feridas após serem atacadas por tubarões na costa do Golfo da Flórida, nos Estados Unidos. A mulher teve ferimentos graves na barriga e no braço, e parte de seu braço teve que ser amputada. Uma das adolescentes teve ferimentos significativos na parte superior da perna e em uma das mãos. A outra menina teve ferimentos leves em um dos pés.

“Apesar dos incidentes que ocorrem, essas espécies são fundamentais para o funcionamento dos ecossistemas. O declínio das populações é preocupante e, se não tomarmos medidas urgentes para proteger esses animais, poderemos enfrentar grandes problemas nos oceanos”, concluiu Escarlate.

Fonte: Metrópoles

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